O empreendedorismo está batendo recorde no país em 2019: mais de 2 milhões de empresas foram abertas de janeiro a agosto, segundo o Indicador de Nascimento de Empresas da Serasa Experian. Foi o número mais alto dos últimos dez anos. A via do negócio próprio tem sido uma opção de trabalho e de renda cada vez mais comum entre os brasileiros – 56% deles, aliás, desejam ser donos de uma empresa.
Como transformar esse desejo em realidade ainda em 2020? Segundo Daniel Leipnitz, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia ( ACATE ), até se consolidar, um novo negócio passa por várias etapas de amadurecimento. “Tudo começa com uma ideia, que precisa ser planejada, testada, lapidada e colocada em prática. Só então ela pode se tornar escalável e levar à expansão da empresa ”.
Sete empreendedores contaram suas experiências e deixaram orientações importantes para cada fase de um novo negócio. Conheça os detalhes de cada etapa e quais devem ser as prioridades para superar os desafio em todas elas:
Ideação: Identifique uma oportunidade
A jornada do empreendedor começa na descoberta de uma oportunidade de negócio , fase conhecida como “ideação”. É comum que ideias surjam da experiência cotidiana – por isso, ter o olhar antenado às situações do dia a dia é importante. Foi assim com o Asaas , conta digital para empreendedores criada em 2013. Seus fundadores perceberam quanto tempo perdiam com a cobrança dos clientes quando ainda tinham outra empresa – e solucionar esse desafio se tornou uma meta. “Criamos um protótipo que automatizava o processo e passamos 7 meses ajustando o software. Notamos que a gestão de pagamentos em geral era uma demanda, e então atacamos essa frente também”, diz Piero Contezini, CEO do Asaas, reconhecida pela Fisher Venture Builder entre 51 fintechs para ficar de olho.
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Pré-operação: Entre em contato com o ecossistema
A pré-operação – fase que antecede a criação de fato da empresa – é o momento ideal para se aproximar de quem já atua no mercado. Aprender com os melhores foi o que Eduardo Varela buscou fazer para colocar de pé a Codenation , startup de capacitação de desenvolvedores e cientistas de dados. Nos últimos dois anos, esteve várias vezes no Vale do Silício, nos EUA, mapeando as necessidades das empresas globais de tecnologia. “Conversamos com desenvolvedores e as principais aceleradoras americanas para aperfeiçoar a plataforma de treinamento e de seleção da Codenation”, conta.
Ter nascido em um coworking em Porto Alegre teve efeito parecido na Diálogo Logística. “O contato com outros empreendedores nos deu um mindset de inovação tecnológica e compartilhamento, e vimos que nosso diferencial estava nisso”, diz Ricardo Hoerde, CEO e cofundador da empresa , especialista em entregas de itens leves para e-commerce com clientes como Magazine Luiza, Renner e Via Varejo. Com mais de 100 colaboradores e crescendo 105% ao ano atualmente, a Diálogo também se beneficiou de programas de aceleração, como o Scale-up Endeavor. “Isso nos ajudou a focar, a reforçar o que estava certo e a corrigir o que não funcionava”, afirma Hoerde.
Validação: Encontre o product market fit
A etapa de validação envolve encontrar o product market fit – ou seja, enquadrar um produto ou serviço no mercado certo. Esse foi o principal desafio da Involves. “Se você quer empreender , pense que a sua empresa precisa resolver um desafio real do cliente. Ele precisa enxergar valor para quem esteja disposto a pagar pela solução”, afirma André Krummenauer, cofundador e CEO da empresa. Antes de chegar à versão final do seu software para gestão de trade marketing – o Involves Stage – outros 10 produtos foram testados. “Trabalhamos muito até encontrar um problema muito específico que podíamos resolver. Na validação, o importante é se dedicar totalmente ao cliente e ao ajuste do produto. O resto é supérfluo nesse estágio”, aconselha.
Operação: Dedique-se à gestão de pessoas
Com um produto pronto e testado, o sucesso da operação de um novo negócio depende das pessoas com quem o empreendedor pode contar. Por isso, Itai Sadan – cofundador e CEO da Duda , plataforma de criação de sites nascida no Vale do Silício – dedica boa parte da sua atenção aos talentos da empresa. “ Empreendedores devem investir 30% do tempo diretamente em pessoas: não só selecionando as melhores, mas também na comunicação de estratégias e decisões, para que todos desempenhem sua função com excelência”. Com um escritório recém-aberto em Florianópolis, Sadan tem levado o próprio conselho ainda mais a sério agora que a Duda está em plena expansão, com foco na América Latina.
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Tração: Desenvolva um modelo escalável
A tração representa a consolidação de um modelo de vendas em escala. É quando o comprometimento dos empreendedores e a capacidade de crescer e gerar lucro no mesmo ritmo são colocados à prova. É como pensa Jonathan Pirovano, CEO da Motoboy.com , plataforma online de entregas ultra-rápidas de produtos e documentos. “Crescimento a qualquer custo já não é mais tolerado. Empresas que vivem de marketing e compra de clientes estão com os dias contados”. Pirovano e o sócio, Rafael Perboni, já desvendaram o caminho das pedras. “É essencial operar com estruturas enxutas e adotar melhorias tecnológicas que permitam fazer mais com menos. A inteligência artificial, por exemplo, é uma opção para reduzir custos e ter um negócio sustentável”, diz.
Expansão: Olhar além do horizonte
Valorizar novas oportunidades pode ajudar na hora de olhar além. Resolver a dor de seus clientes nos países da América Latina é um caminho viável, e que se abre para Transfeera. “Tivemos uma imersão no Vale do Silício durante um programa de aceleração da Visa. O contato com empresas globais nos mostrou que esse poderia ser nosso próximo passo”, diz Guilherme Verdasca, CEO da fintech. Fundada há menos de três anos, a startup tem dois produtos: um que automatiza pagamentos e outro que faz validação bancária. Com clientes como Rappi, iFood, Unilever e Ebanx, a plataforma da Transfeera movimenta R$ 55 milhões e cresce 15% ao mês.