A transparência na  governança corporativa  é um dos princípios básicos mais explorados. É muito fácil escrever sobre transparência, a técnica em si é muito simples de entender e, de certa forma, clara à primeira vista, mas vamos refletir sobre as barreiras para que esse princípio seja cumprido nas  organizações.

Com a minha experiência de mais de 35 anos no mundo dos  negócios  e desde 2015 à frente da  MORCONE Consultoria Empresarial , hoje trago minhas reflexões sobre transparência na  governança corporativa  e porque a passagem da técnica para a prática nas empresas não é tão simples.

O papel da transparência é assegurar aos acionistas (minoritários e majoritários), investidores de mercado, financiadores e fornecedores de bens e serviços, o fácil acesso às informações de interesse sobre fatos, ações, questões jurídicas, etc.

O princípio da transparência na  Governança Corporativa  tem também como intuito disponibilizar as informações que sejam do interesse das partes interessadas e não que apenas façam parte de leis e regulamentos. Além disso, essas informações não se referem apenas às áreas econômico-financeiras da organização, mas a todas as demais áreas que agregam valor ao  negócio.

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O que afeta o cumprimento da transparência na governança corporativa

Do ponto de vista técnico a transparência é um conceito simples, mas na prática ainda é um grande desafio para muitas  organizações , principalmente em terras brasileiras. As práticas de  governança corporativa  representam um caminho importante para agregar valor a um negócio, assim como facilita o acesso ao capital e contribui para a perenidade da  organização.

Estamos na era globalizada, sendo assim, não se governa empresas a portas fechadas, a gestão hoje precisa assumir um papel transparente, precisa compartilhar a tomada de decisões com diversos públicos de interesse e é assim, por meio da governança corporativa e cumprindo com um dos seus princípios que é a transparência, que as  organizações conseguirão, inclusive, administrar com mais facilidade os riscos e oportunidades que surgirem.

Um dos principais desafios da transparência na  governança corporativa  está em conceder as informações que as partes interessadas desejam obter, baseadas em aspectos tangíveis e intangíveis.

Vale lembrar que no final da década de 1990 e início dos anos 2000, diante de inúmeras crises mundiais, muitos escândalos ocorreram, como, por exemplo, a fraude contábil da Enron e World Com., que fizeram com que os Estados Unidos transformasse algumas de suas práticas de  governança corporativa  em regulamentação.

Surgiu em 2002, por intermédio do Congresso norte-americano a Lei “Sarbanes-Oxley”, que tem como intuito intensificar os controles internos das  organizações , ou seja, os executivos assumem a responsabilidade de fixar, medir e acompanhar a eficácia dos controles internos a respeito de informações financeiras e de divulgação de informações relevantes.

Embora a Lei Sarbanes-Oxley esteja mais ligada ao princípio de responsabilidade corporativa, obviamente esbarra sobre o princípio da transparência, aliás, vale lembrar: princípios e pilares na  governança corporativa se complementam, não estão segregados.

Por volta da década de 1990, com o avanço da economia brasileira, aumentou o volume de investidores estrangeiros no Brasil, sendo assim,  empresas  brasileiras de capital aberto começaram a listar suas ações nas bolsas de valores norte-americanas. O que acontecia era que essas  organizações  passaram a ter contato com acionistas que eram acostumados a investir em mercados com práticas mais avançadas do que as aplicadas no mercado brasileiro.

Junto ao número crescente de investidores estrangeiros, também aumentou o número de investidores institucionais brasileiros de grande porte e mais conscientes acerca de seus direitos. Esse cenário resumido foi fundamental para favorecer o avanço das práticas de  governança corporativa  no Brasil. Foi assim que surgiu o primeiro código sobre  governança corporativa  por meio do IBCG (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

A transparência na  governança corporativa  não envolve apenas prestar informações sobre as realizações de uma  organização , os problemas e desafios também são comunicados, essa postura deixa aberto o caminho do diálogo com diferentes partes interessadas. Essa troca de informações pode gerar oportunidades para a  organização.

O que leva à falta de transparência em muitas  empresas ? Por que esse é um processo que demanda por parte de todas as áreas da  organização  um entendimento comum? Sim, essa pode ser uma das razões, afinal, essa constante troca de informações entre todos que fazem parte da  empresa , o alinhamento de comunicação não é algo tão simples quanto parece, as pessoas precisam estar dispostas para que essa troca gere resultados.

Outro ponto importante a se refletir quando o assunto é transparência na  governança corporativa  é que a busca por facilidade ou a ‘resistência aos ajustes’ pode fazer com que muitas  empresas  não façam o que é correto, o que se espera de sua conduta.

Muitas  organizações  preferem viver um dia após o outro ao invés de encarar a realidade, problemas na gestão, problemas financeiros, problemas de relacionamento, etc. Essa falta de transparência, a omissão de informações, pode levar muitos negócios a crises irreversíveis, é preciso manter o canal do diálogo sempre aberto, para que surjam novas ideias, novas visões, oportunidades, etc.

A transparência na governança corporativa é o que a valida junto aos demais princípios básicos, não se pode implantar governança em uma  empresa  sem esse cuidado em cumprir com os seus pilares e princípios, ou será apenas um modelo de gestão deficiente e incapaz de sustentar o  negócio  por muitos anos no mercado, ruindo em algum momento no meio do caminho.

 

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Carlos Moreira – Há mais de 35 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria) e CCO (Diretor Comercial e de Marketing).

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